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TAMARINDUS INDICA L. 

Nome popular: tamarindo.


Este gênero monoespecífico é nativo da África central e oriental e provavelmente foi levado à Ásia e Europa pelos árabes, que a denominavam Tamr al-Hindi (tâmara da Índia) por julgarem a polpa do seu fruto semelhante à da tâmara. No sudeste asiático e na Índia, o perfume, sombra e objetos produzidos de seu tronco eram considerados perigosos, pois ao tamarindeiro era atribuída a fama de ser morada de influências maléficas. Adaptada a regiões semi-áridas, tropicais e subtropicais, pode vicejar em terrenos alcalinos, levemente salinos e pobres, em florestas densas e drenadas, escarpas, matas ripárias e decíduas e ao redor de cupinzeiros. Hoje pode ser considerada de dispersão pantropical e de grande variabilidade genética. O tamarindeiro, árvore perenifólia de copa densa que se divide em ramos curvos, pode ter altura de até 30 m. Possui um tronco de até 2 m de diâmetro com ritidoma áspero, fissurado, marrom-acinzentado.

As folhas sensitivas (fecham-se por ação do frio ou ao toque) são alternas, compostas, com 10 a 18 pares de folíolos estreito-oblongos medindo 12 a 32 mm de comprimento por 3 a 11 mm de largura. O pecíolo e raque contém finos tricomas. As nervuras, tanto centrais como periféricas, são mais ou menos conspícuas em ambas as faces. O ápice dos folíolos varia de arredondado a quase truncado e levemente retuso e a base é arredondada, assimétrica, com um tufo de tricomas amarelados. Suas margens são inteiras, finamente pubescentes. Estípulas precocemente caducas. As flores hermafroditas atraentes, medindo de 3 a 5 cm de comprimento e geralmente 2,5 cm de largura, possuem cinco pétalas amarelo-pálidas e/ou rosadas, com estrias rosadas, vermelhas ou marrons e de margens variavelmente crespas. As três pétalas superiores são bem desenvolvidas e as duas inferiores são diminutas.  As flores, provavelmente polinizadas por insetos (usualmente abelhas), apresentam quatro sépalas usualmente amarelas ou brancas pouco maiores do que as pétalas. Quando em botão, estão completamente envoltas em duas brácteas rosadas precocemente caducas. Estas flores, que apresentam três estames fundidos na base, se encontram em racemos axilares pequenos, terminais e glabros, medindo em média 5 cm de comprimento.

Esta leguminosa da subfamília Caesalpinioideae tem como fruto um legume bacóide pardo-escuro indeiscente, subcilíndrico, reto ou curvo, velutino e quebradiço que varia de 6 a 20 cm de comprimento, 1,9 a 2,5 cm de largura e 1 a 3.cm de espessura, oval no plano transversal, iregularmente constrito entre as 1 a 10 sementes que contém.

As sementes de testa dura e lenticiformes de aproximadamente 1.6 cm de largura, obovado orbiculares, lisas, brilhantes, marrons a pretas, com pleurograma contínuo e piriforme em uma face e contínuo e estendendo-se por quase toda a superfície da outra face, estão envoltas em uma polpa pegajosa, fibrosa, amarela a marrom-avermelhada.

Entre os principais dispersores de seus frutos e sementes estão macacos e ruminantes. Devido à alta quantidade de açucares redutores e ácido tartárico, cuja concentração não diminui durante o amadurecimento, os frutos possuem gosto extremamente ácido e doce ao mesmo tempo. Embora sejam pouco protéicos, são ricos em aminoácidos e vitamina B. Em vários países, sua polpa é usada em inúmeros produtos: sucos, geléias, refrigerantes, conservas e até bebidas alcoólicas fermentadas. A polpa do fruto também contém propriedades digestivas, laxantes, espectorantes, antifúngicas, bactericidas e carminativas e é fonte dos minerais cálcio, magnésio, fósforo e zinco. A testa da semente é rica em fibra e taninos e o endosperma é rico em proteínas e polissacarídeos semelhantes à pectina, sendo empregado industrialmente em espessantes. Tem propriedades antioxidantes, antiinflamatórias e é também rico em ácidos graxos como o ácido linoléico, importante na prevenção de doenças cardiovasculares. É dito que as sementes torradas são superiores ao amendoim em sabor; no entanto, a casca da semente deve ser removida devido a grandes quantidades de tanino e pigmentos. As folhas, também ricas em tanino e vitamina C, são usadas como forragem, com prejuízo para a produção de frutos. Também são usadas para produzir um corante vermelho e foi provado que seu extrato tem ação antioxidante no fígado. A casca do tronco é usada no curtume, produção de corantes e tintas (cinzas). A sua decocção é usada, tradicionalmente, em casos de gengivite, asma, inflamações oculares e outros. Ademais, cientistas nigerianos constataram que o extrato etanólico da casca demonstrou forte ação antibacteriana e mais ainda o extrato do fruto.

 

Fenologia: as flores aparecem normalmente junto com a nova folhagem, nos meses de setembro e outubro e os frutos normalmente amadurecem de dezembro a março.

Produção de mudas: pode ser por estaquia ou via sementes. Os frutos devem ser colhidos maduros e as sementes devem ser secas à sombra. Para quebrar a dormência, recomenda-se embebê-las na água por 24 horas ou escarificá-las. Semeá-las com a extremidade micropilar voltada para cima, de preferência em solo com algum tipo de esterco ou adubo. A emergência ocorre em aproximadamente 13 dias e a taxa de germinação pode chegar a 96%.

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