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SOBRE O PROJETO

 "Você já reparou que as árvores fazem tudo que a gente faz pra chamar atenção, menos andar?"

Alice Walker, A Cor Púrpura

     Diz-se com frequência, notadamente em ambientes universitários, que a academia ou a graduação sempre mudam uma pessoa. E que esta mudança - opere ela em maior ou menor grau - é certa, assim como a intermitência do rio na máxima de Heráclito. Paralelamente às transformações humanas, ao ir e vir profuso de sucessões de levas de estudantes, professores, técnicos e cidadãos que percorrem os diversos espaços do campus da Universidade Federal do Mato Grosso de Cuiabá, outras metamorfoses silenciosas preenchem estes espaços, muitas vezes despercebidas, outras vezes de modo notável, pois a onipresente natureza elegeu como morada a área em pauta. O teto que abriga as transições humanas e muitos de seus ritos de passagem em um ambiente universitário é formado, em grande parte, pelos ramos e galhos viçosos de folhagem projetados das copas das árvores.

     A composição específica das árvores do campus é diversa, assim como suas origens, e o perímetro da UFMT reflete a diversidade morfológica de plantas oriundas de várias partes do mundo, seja por representantes exóticos muito bem afeitos ao clima tropical da região ou remanescentes da nossa savana brasileira - o cerrado - compondo com mosaicos de diferentes fitofisionomias um ambiente diferenciado na capital mato-grossense, um quase-parque, um templo do conhecimento rico não somente em livros, monografias, mestres e doutores, mas dotado também de expressiva biodiversidade.

      As árvores oferecem aos frequentadores da “Federal” cantinas sombreadas, pistas de corrida ou mesmo um local fresco para caminhadas. Pois no entardecer é possível distinguir as silhuetas das pessoas andando, correndo, patinando, pedalando e deslocando-se sobre skates na miguante luz do crepúsculo, e finalmente, descansando nas calçadas sombreadas a tomar água-de-coco. Nos mui ensolarados fins de semana, famílias acorrem ao campus e crianças empinam pipas, formam-se rodas de maracatu, capoeira, de conversas jogadas fora, todos encimados pelo dossel verde e farfalhante de mangueiras, cajueiros, oitis e palmeiras. Deleitam-se todos - até os cachorros de passeio e os gatos abandonados - em meio ao verdor do campus universitário, ambiente único a nível estadual, refrigério para todos do escaldante mormaço cuiabano, além de um relevante refúgio para a fauna.

 

     Esta publicação tem o intuito de disponibilizar a quem interessar possa a diversidade biológica esquematizada, com certo rigor científico, das árvores deste campus, de modo prático, para que este patrimônio genético não se restrinja a pequenos nichos citadinos, a ilhotas verdes encravadas na selva de concreto. Para isto, foi levantada uma bibliografia com as últimas publicações a respeito destas espécies - de modo a atualizar o conhecimento já amplo que temos de algumas -, e instruções para identificação e cultivo de mudas foram incluídas.

      Os termos técnicos de botânica, que constituem uma linguagem à parte, foram usados, sempre que possível, para facilitar a taxonomia e introduzir o jargão da botânica para leigos. A morfometria foi feita sempre que possível. O tratamento com imagem ganha extremo cuidado aqui e todas as estruturas vegetais que puderam ser mostradas o foram. A ausência de imagens de algumas estruturas implica em restrições técnicas, especialmente de acesso, a elas (árvores muito altas, limitação de equipamento, fenologia etc.). Esperamos que algumas lacunas nas imagens possam ser preenchidas em breve. As fotos não possuem legendas, mas as estruturas a que se referem estão grifadas em negrito e aparecem abaixo do texto destacado. 

        Infelizmente, existe uma grande disparidade entre o volume de informações disponíveis para árvores exóticas - a maioria das quais encontra-se amplamente distribuída pelo mundo e, por isso, é mais referida em pesquisas, trabalhos e artigos científicos - e para árvores nativas, especialmente as do cerrado. Esta diferença notável se reflete na composição de árvores do campus, mais repleto de árvores exóticas do que de árvores nativas, devido à grande mudança vegetacional que ocorreu quando da implantação da universidade em Cuiabá. Muitas espécies foram trazidas de fora e plantadas na área do campus por iniciativas em colaboração com o Horto Florestal; este tópico, no entanto, já é motivo para outros estudos diacrônicos sobre a história ambiental do campus da UFMT de Cuiabá.

       A organização do texto das descrições botânicas procurou seguir um padrão para facilitar a localização de informações. A ordem das estruturas vegetais no texto  (o que coincide com a ordem das fotos) é a seguinte: tronco, folha, flor, frutos e semente, seguidas pelos usos e aplicações de diversas partes de cada planta e sua fundamentação em práticas populares e em estudos laboratoriais. Nesse âmbito, o crescente e importante interesse da ciência pelas plantas num viés farmacológico e medicinal ganhou destaque. É necessário salientar, todavia, que a automedicação não é recomendada; as referências à medicina popular e às pesquisas farmacológicas são somente de caráter preliminar. A bibliografia encontra-se ao final da página de cada espécie e deve ser sempre consultada para maiores informações acerca dos usos e potenciais de cada planta.

 

     Para entrar em contato com os responsáveis por este projeto, por favor, envie e-mails para arvoresdaufmt@gmail.com. Dúvidas, sugestões e correções são muito bem-vindas!

Valéria Schmidt (valegeologia@gmail.com) e Fábio Pinheiro Saravy (fabwild@gmail.com)

 

 

 

OS

AGRADECIMENTOS

 

Aline Lira

Ana Sílvia Tissiani

Brenda Yamamura Carmo

Bruna Bordin

Bruno Aleixo

Fernanda Pinheiro Saravy

Fernando Zaiden

Filipe Ferreira de Deus

Francisco Forte Stuchi

Jhonathan França Bello

Juliana Santiago (in memorian)

Leda Stefan

Lucca Coradini

Marinêz Isaac Marques

Rosa Adelaide
 

 

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