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PELTOPHORUM DUBIUM (SPRENG.) TAUB.

Nomes populares: canafístula, farinha-seca.

A canafístula ocorre naturalmente no nordeste da Argentina, no leste do Paraguai, no norte do Uruguai e, no Brasil, de Alagoas até o Rio Grande do Sul, presente em diversas formações florestais, principalmente floresta ombrófila estacional, podendo ocorrer no Pantanal - nas áreas de transição entre partes úmidas e secas - no cerradão e até na caatinga. Esta árvore é, por sinal, muito comum em áreas de solo úmido, argiloso e em beiras de rios. Pode medir de 10 a 40 m de altura e possui ampla copa achatada-arredondada. O tronco (35 a 90 cm de diâmetro, por vezes mais) apresenta casca marrom-acinzentada escura com fissuras longitudinais que se desprendem em pequenas placas. 

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O eixo comum (raque + pecíolo) ferrugíneo-tomentoso das folhas compostas bipinadas mede de 16 a 50 cm de comprimento e o pecíolo normalmente mede de 1,5 a 4 cm de comprimento. Cada folha porta de 12 a 21 jugas sésseis e cada juga, por sua vez, pode apresentar 14 a 30 pares de foliólulos (0,5 a 1 cm de comprimento por 0,2 a 0,3 cm de largura), os quais são oblongos, oval-oblongos ou elíptico-oblongos, sésseis, opostos, de ápice arredondado, base desigual e venação hifódroma.

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Em amplos racemos ou panículas terminais (até 30 cm de comprimento) de raque e bráctea ferrugíneo-tomentosos, sobre pedicelos com cerca de 1,3 cm de comprimento, encontram-se as flores hermafroditas (cerca de 3,5 cm de diâmetro) amarelas ligeiramente zigomorfas, apresentando corola dialipétala pentâmera de pétalas suborbiculares a obovadas franzidas e subiguais (normalmente ao menos uma pétala é menor do que as outras). As pétalas maiores medem, em média, 1,6 cm de comprimento por 0,8 cm de largura; a(s) menor(es), 1,2 cm de comprimento por 0,7 cm de largura. O androceu é composto por 10 estames de filete amarelo e anteras marrom-alaranjadas e o gineceu é formado por um pistilo amarelado com estigma peltado verde. O cálice verde e campanulado possui cinco lobos (0,4 a 0,8 cm de comprimento por cerca de 0,3 a 0,4 cm de largura)  ferrugíneo-tomentosos por fora.

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O fruto é uma sâmara marrom (4 a 9,5 cm de comprimento por 1 a 2,5 cm de largura) estreito-elíptico com base estreitada e ápice agudo. Cada fruto porta de 1 a 4 sementes elípticas a obovadas no sentido longitudinal. A região seminífera é delimitada por uma profusão maior de veias longitudinais, escurecendo a região.

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As sementes - de superfície lisa, brilhante e amarelo esverdeada - são obovadas a elípticas e medem cerca de 1 cm de comprimento por 0,5 de largura.

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Por seu aspecto ornamental, a farinha-seca é muito utilizada no paisagismo e arborização de praças (uma panícula pode conter até mais de 1000 flores)1. É recomendada para a recuperação de áreas degradadas, pois cresce relativamente rápido e serve no tutoramento de espécies secundárias-clímax. Sua copa ampla promove farta sombra para o gado e pastagens em geral. É uma árvore muito usada como local de dormir por macacos-capuchinho.2 Índios do sul do Brasil usam o chá da casca do tronco como anticoncepcional.3

 

Fenologia: pode florescer de setembro a fevereiro. Embora a maturação dos frutos normalmente ocorre de abril a maio, as sâmaras pendem viáveis das árvores durante muitos meses.

 

Produção de mudas: As sementes devem ser retiradas da sâmara. A quebra de dormência pode ser efetuada por escarificação mecânica. As sementes devem ser postas para germinar em substrato organo-argiloso em regime de 50% de sombreamento.4 A emergência ocorre em 15 a 30 dias. Em quatro a cinco meses, ou quando as mudas alcançarem cerca de 50 cm de comprimento, elas devem ser plantadas em local definitivo.

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1 SANTOS, M. L. Entomofauna visitante de Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. (Leguminosae - Caesalpinioideae) na região de Dourados, Mato Grosso do Sul.  (Dissertação de Mestrado) Dourados - MS: UFGD, 2009.

 

2 DI BITETTI, M. S. et al. Sleeping Site Preferences in Tufted Capuchin Monkeys (Cebus apella nigritus). In: American Journal of Primatology 50:257–274 (2000).

 

3 RAMALHO, P. E. Circular Técnica 64 (Canafístula). Colombo - PR: Embrapa Florestas, 2001.

 

3 PORTELA, R. C. Q. et al. Crescimento inicial de mudas de Clitoria fairchildiana Howard e Peltophorum dubium (Sprenge) Taub. em diferentes condições de sombreamento. In: Ciência Florestal, Santa Maria, v. 11, n. 2, p. 163-170

 

BIANCHETTI, A. & RAMOS, A. Comparação de tratamentos para superar a dormência de sementes de canafístula (Peltophorum dubium (Sprenge) Taubert). In: Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n.4, p.91-99, jun. 1982.

 

LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, vol. 1, 5ª edição. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2008.

 

MORIM, P. M. & BARROSO, G. M. Leguminosae arbustivas e arbóreas da Floresta Atlântica do Parque Nacional do Itatiaia, sudeste do Brasil: subfamílias Caesalpinioideae e Mimosoideae. In: Rodriguésia 58 (2): 423-468. 2007.

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