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MORINGA OLEIFERA LAM.

Nome popular: moringa.


Esta árvore caducifólia, nativa desde os sopés montanhosos meridionais do Himalaia, no noroeste da Índia até a Arábia, pode atingir de 5 a 15 m de altura e possui tronco alto de até 10 metros de altura revestido por uma casca externa espessa, lisa, pardo-acinzentada, levemente fissurada ou reticulada e, internamente, esbranquiçada, esponjosa e lactescente.

Formando uma copa aberta ao espiralar-se nas extremidades dos ramos, as longas folhas (cerca de 30 a 60 cm de comprimento) compostas tripinadas, alternas a subopostas, possuem eixo comum pardacento que esverdeia-se no ápice e pecíolo longo de 4 a 15 cm de comprimento. Cada folha possui de três a quatro jugas (as pinas opostas de primeira ordem) cuja disposição de folíolos varia de acordo com a posição na raque. A folha apresenta um pina terminal, o que a classifica como imparipinada. As jugas terminais tendem a ter menos folíolos e aspecto pinado ou bipinado. As segundas jugas (da base para o ápice), que são maiores, tendem a evidenciar mais o aspecto trifoliolado. 5 a 7 pares de pinas opostas de terceira ordem formam as pinas de segunda ordem. Nas pinas de segunda ordem mais apicais, as jugas apresentam pares de folíolos opostos simples. Nelas, as pinas de terceira ordem encontram-se em uma posição mais basal. Todo este arranjo confere um aspecto de folhas de samambaia ao aparato fotossintético da moringa. Os peciólulos das pinas de segunda ordem medem de 0,1 a 2 cm (são maiores nas pinas mais basais, especialmente na segunda). Os folíolos das pinas de terceira ordem são todos sésseis a curto-peciolados. Folíolos terminais tendem a ser ligeiramente maiores. Os folíolos (0,5 a 3 cm de comprimento por 0,3 a 2 cm de largura) são ovados, obovados ou elípticos, discolores, glabros a pulverulentos, membranosos a subcoriáceos, de ápice arredondado a cuneado, base cuneada a arredondada e margens inteiras.

As inflorescências são panículas ou tirsos axilares pendentes (10 a 25 cm de comprimento) e portam várias flores (2 a 2,5 cm de diâmetro) zigomorfas de cor creme a branca, cálice pentâmero, dialissépalo e petalóide e corola dialipétala, pentâmera e cupuliforme. As pétalas, pouco maiores que o cálice de sépalas deflexas, são desiguais. Cinco estames amarelados alternam-se com cinco estaminódios subulados, livres entre si. O pistilo é dotado de estilete fino, curvo e branco.

Assemelhando-se a vagens, mas de seção triangular, com três valvas costadas, o fruto (15 a 120 cm de comprimento por cerca de 2 cm de largura, dependendo do cultivar) longo e deiscente adquire cor marrom a paleácea quando maduro e traz em seu interior até 20 sementes redondas, suborbiculares ou triangulares, marrons a pretas, trialadas e medindo de 1 a 2,5 cm de diâmetro (incluindo as alas membranosas esbranquiçadas).

Em diversos países asiáticos, virtualmente todas as partes da moringa são utilizadas para uma infinidade de objetivos. As folhas são consumidas em sopas, curries, guisados, saladas, conservas, vitaminas, sucos etc. Quando secas juntos com as hastes, são consumidas como condimento. São ricas nas vitaminas A e C, cálcio e proteínas. São utilizadas na alimentação animal em diversos tipos de rebanho. As folhas cozidas possuem alto teor de ferro.1 De fato, extratos das folhas jovens e maduras exibiram forte potencial antioxidante (LIM, 2012 compilou diversas propriedades medicinais testadas em laboratório)2. Diz-se que as vagens de M. oleifera, quando cozidas, possuem sabor similar ao de ervilhas, as sementes ao de grão-de-bico e podem ser cozidas com sal ou torradas.3 O óleo extraído das sementes é usado em saladas, lamparinas e como fixador de perfumes, lubrificante e purgativo. Também pode ser utilizado na fabricação de biodiesel e a torta resultante, como adubo orgânico. A farinha é usada no combate a desnutrição de crianças, adultos e animais.4 Quando o pó das sementes é dissolvido na água, proteínas de baixo peso molecular adquirem cargas positivas que atraem partículas aniônicas como siltes, argilas e paredes celulares de alguns microorganismos, formando flocos densos que se sedimentam, reduzindo drasticamente a turbidez da água.5 A torta da casca e da semente foram utilizadas na pré-concentração dos herbicidas glifosato e diuron, contribuindo na sua remoção da água.6 As flores, ricas em cálcio e potássio, são consumidas fritas com manteiga, além de serem muito apreciadas por abelhas melíferas. São popularmente consideradas anti-helmínticas, antitumorais e anti-inflamatórias.7

 

Fenologia: pode florir e frutificar o ano todo.

 

Produção de mudas: as sementes devem ser plantadas em solo organo-arenoso e aguadas diariamente a 2 cm de profundidade à semissombra e irrigadas diariamente. A emergência ocorrem em 1 a duas semanas.

JESUS, A. R. Cultivo da Moringa oleifera (Dossiê técnico). Salvador - BA: IEL/BA, 2013.

 

LORENZI, H. et al. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2003.

 

SCHABEL, H. G. Moringa oleifera Lam. In: VÁRIOS, Tropical Tree Seed Manual. Agriculture Handbook. J. A. Vozzo, editor. 899 pp.Washington: USDA Forest Service, 721, 2002.

SOUZA, V. C. & LORENZI, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para a identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. 3ª ed. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2012.

 

1PRICE, M. L. The moringa tree (Echo technical note). Fort Myers - FL: ECHO, 2007.

2LIM, T. K. Edible Medicinal And Non-Medicinal Plants, Volume 3: Fruits. Springer, 2012.

3TEIXEIRA, E. M. B. Caracterização química e nutricional da folha de moringa (Moringa oleifera Lam.) (Tese de doutorado). Araraquara - SP: UNESP, 2012.

4GASQUI, D. L. et al. Caracterização química e nutricional da farinha de moringa (Moringa oleifera Lam.) São Paulo: Centro Paula Souza (sem data).

5PATERNIANE, J. E. S. et al. Uso de sementes de Moringa oleifera para tratamento de águas superficiais. In: Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. Campina Grande - PB: UAEA/UFCG, 2009.

6MOTA, J. A. S. Utilização da Moringa oleifera para remoção de pesticidas glifosato e diuron (Dissertação de mestrado). Aracaju - SE: UNIT, 2014.

7RANGEL, M. S. A. Moringa oleifera: uma planta de uso múltiplo (Circular Técnica nº 9) Aracaju - SE: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 1999.

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