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MANGIFERA INDICA L. 

Nome popular: mangueira.


Dos bosques montanos de Myanmar, Bangladesh e do leste da Índia, a mangueira se espalhou para várias áreas tropicais e subtropicais do globo. Nos séculos IV e V a.C., monges budistas levaram a mangueira para a península malaia e para outras partes da Ásia. Para o Oriente Médio ela foi levada pelos persas no século X d.C. Comerciantes portugueses introduziram-na na África no século XVI. Antes do final do século XVI, elas estavam plantadas no Brasil e México. Hoje sua distribuição é considerada pantropical. Existe quase uma centena de cultivares sendo produzidos mundialmente. A mangueira pode medir até 20 m e sua copa perenifólia é arredondada e sustentada por um tronco de até 90 cm de diâmetro com ritidoma marrom escuro, inicialmente suave e de fissuras finas, ganhando aspereza e ficando escamoso ou fissurado com a idade.

As folhas, vermelhas quando jovens, são simples, alternas, coriáceas, oblongo-lanceoladas, peninérvias, medindo de 16 a 30 cm de comprimento por 3 a 7 cm de largura nos ramos com flores e até 50 cm nos ramos estéreis, curvadas para cima a partir da nervura central. As margens foliares às vezes são levemente onduladas e hialinas. O pecíolo pode medir até 4.5 cm de comprimento e possui pulvino em sua base.

As inflorescências são panículas de 16 cm ou mais e portam flores bissexuais e masculinas minúsculas, pentâmeras, dialipétalas, branco-esverdeadas ou rosadas com pétalas medindo de 3-5 mm de comprimento e 1,5 mm em média de largura. Cada flor, partindo de um curto pedicelo, possui 5 estames em um disco conspícuo com 5 lobos, sendo somente um estame fértil e os inférteis mais curtos. O cálice contem 5 sépalas verdes com margens brancas ou amarelo-esverdeadas, com 2 a 2,5 mm de comprimento e 1 a 1,5 mm de largura, dotado de tricomas em sua face abaxial. A polinização se dá por morcegos, moscas e, mais efetivamente, por abelhas.

O fruto irregularmente oval é uma drupa carnosa de até 30 cm de comprimento anexada ao pedúnculo em sua extremidade mais larga. O epicarpo é macio, amarelo-esverdeado, às vezes com partes vermelhas. O mesocarpo amarelo e suculento varia de acordo com o cultivar em relação à quantidade de suco, fibra e doçura. O pirênio platispermo é envolvido por um endocarpo fibroso.

O fruto, rico nas vitaminas A e C, é apreciado tanto verde quanto maduro e em alguns países é muito usado em conservas ou em forma de chutney. Além de melhorar a qualidade do solo, as folhas da mangueira servem como forragem ao gado, porém em pequenas quantidades, pois em grandes se torna tóxica aos animais. As cinzas das folhas são usadas para tratar queimaduras, tosse e diarréia na América do Sul e em outras partes do mundo. Muitas pesquisas etnobotânicas retrataram o uso das folhas para tratar queimaduras, feridas, abcessos e outras infecções em humanos e animais. De fato, o extrato das folhas na mangueira possui relativa ação antibacteriana, o que poderia justificar seu uso medicinal na Uganda.1 Em Cuba, com base em conhecimentos etnofarmacológicos, foi desenvolvido um extrato aquoso padronizado da casca da mangueira com propriedades anti-oxidantes, anti-inflamatórias e imunomodulatórias.2

Fenologia: os períodos secos e frios (junho a outubro) são essenciais para o florescimento da mangueira e os períodos quentes e chuvosos favorecem o desenvolvimento vegetativo. A maioria dos cultivares da M. indica apresenta picos de produção entre novembro e fevereiro.

 

Produção de mudas: esta anacardeácea, pouco exigente em termos de solos, prefere-os areno-argilosos, requerendo boa drenagem e profundidade devido ao grande porte de seu sistema radicular. As sementes devem ser separadas do epicarpo e mesocarpo e colocadas sobre folhas de jornal, separadamente, para secarem durante 3 a 5 dias, em local ventilado e sombreado. Em seguida, retirar o endocarpo fibroso com auxílio de tesoura de poda ou lâminas afiadas.3 Após a semeadura, cobrir os recipientes das mudas com uma camada de serrapilheira e irrigar diariamente em canteiros semissombreados, de onde as mudas podem ser retiradas para canteiros a pleno sol assim que as primeiras folhas amadurecerem.

1 BBOSA, G.S.  et al. Antibacterial activity of Mangifera indica L. African Journal of Ecology, Afr. J. Ecol., 45 (Suppl. 1), 13–16, 2007.

 

2 WAUTHOZ, N. et al. Ethnopharmacology of Mangifera indica L. Bark and Pharmacological Studies of its Main C-Glucosylxanthone, Mangiferin. International Journal of Biomedical and Pharmaceutical Sciences 1(2), 112-119, Global Science Books, 2007.

3 ROSANE, D.E. et al. Manga - produção integrada, industrialização e comercialização. Viçosa - MG: UFV, 2004.

ORWA, C. et al. Agroforestry Database: a tree reference and selection guide version 4.0, Kenya, 2009. (http://www.worldagroforestry.org/af/treedb/)

 

LORENZI, H. et al. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura). Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora LTDA, 2000.

 

PARROTTA, J. A. Mangifera indica L. Mango. SO-ITF-SM-63. New Orleans, LA: U.S.

Department of Agriculture, Forest Service, Southern Forest Experiment Station. 6 p., 1993.

 

SILVA, M.G. C. Florescimento e frutificação de mangueira (Mangifera indica L.) Cv. Rosa promovidos por diferentes doses de paclobutrazol. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), 2006.

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