JACARANDA CUSPIDIFOLIA MART.
Nomes populares: caroba, jacarandá, pau-de-colher, caiuá.
Da floresta latifoliada semidecídua da bacia do Paraná até a transição para o cerrado, o jacarandá está nativamente presente nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo, atingindo de 5 a 10 m de altura. No campus cuiabano da UFMT, a sua presença é notória, especialmente quando, ao final do ano, a floração tinge o campus com suas flores roxo-violáceas. Seu tronco revestido por casca áspera, acinzentada e escamosa, pode medir de 30 a 40 cm de diâmetro.
Suas folhas bicompostas paripinadas - de filotaxia oposta cruzada - medem de 20 a 50 cm de comprimento. O pecíolo mede de 3 a 5 cm de comprimento. Em cada folha estão dispostas 8 a 13 jugas de raque alada e, em cada pina, podem ser encontrados 10 a 16 pares de foliólulos glabros e assimétricos com ápice apiculado. Os folíolos são imparipinados e seu foliólulo terminal mede de 2 a 3 cm de comprimento por 0,4 a 0.8 cm de largura. O peciólulo dos folíolos mede de 0,4 a 0,7 cm de comprimento e os foliólulos são sésseis. Cada foliólulo - de nervação broquidódroma, margens inteiras e filotaxia oposta - mede de 1,3 a 2 cm de comprimento por 0,4 a 0,7 cm de largura.
As flores, dispostas em panículas terminais, são roxas e tubulosas. A raque roxo-escura de cada inflorescência pode medir de 23 a 33 cm de comprimento e pode conter de 19 a 25 ramificações. As flores hermafroditas, gamopétalas e zigomorfas possuem pedúnculo de 0,5 a 0,9 cm de comprimento e seu cálice é dividido em cinco lobos que medem até 2 cm de largura. A corola possui até 5 cm de diâmetro e porta manchas brancas no seu interior. Quatro estames livres e didínamos encontram-se dentro da corola. Assim como ocorre em outras espécies do gênero Jacaranda, a flor possui um estaminódio piloso bem maior do que os outros estames (3 a 3,5 cm de comprimento).
O fruto é uma cápsula septicida lenhosa achatado-arredondada que mede até 11 cm de comprimento e mesmo tamanho de largura. Embora o epicarpo, endocarpo e mesocarpo sejam todos lenhosos, eles variam quanto à cor, sendo os dois primeiros paleáceos a bege-escuros e o último de tonalidade mais clara, de um amarelo pálido. As sementes aladas são arredondado-achatadas, de cor bege a marrom e medem até 1,5 cm de diâmetro.
Além de ser usada como árvore ornamental (mesmo sob redes elétricas) por sua vistosa floração púrpura, J. cuspidifolia é usada na medicina popular no tratamento de sífilis e blenorragia (cascas e folhas). Com efeito, extratos metanólicos de casca e folhas apresentaram propriedades antimicobacterianas.1 Empregadas no tratamento da sarna, as raízes apresentam propriedades inseticidas. É também usada popularmente como depurativo do sangue. Extratos metanólicos de casca, caule e folhas demonstraram possuir atividade antioxidante. Extratos hexânicos de casca, folhas e caule demonstraram atividade neuroprotetora inibitória da acetilcolinesterase. Ação antiinflamatória também foi encontrada no extrato metanólico de sua casca.2
Fenologia: floresce de setembro a dezembro. A frutificação ocorre em janeiro e a maturação dos frutos ocorre de junho e setembro.
Produção de mudas: Quando no início da deiscência, os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore e postos ao sol para completar sua abertura e liberação de sementes, as quais devem ser postas em seguida para germinação ou imersas em água fervente para a quebra da dormência. As sementes devem ser semeadas em substrato organo-argiloso e cobertas com uma camada de 2 cm do substrato. A emergência ocorre em 12 a 25 dias e a taxa de germinação é alta.
1 ARRUDA, A.L.A. et al. Análise fitoquímica e atividade antimicobacteriana de extratos metanólicos de Jacaranda cuspidifolia Mart. (Bignoniaceae). Rev. bras. plantas med. [online]. 2012, vol.14, n.2, pp. 276-281. ISSN 1516-0572.
2 ARRUDA, A. L. A. Contribuição ao estudo de atividade biológica de Jacaranda cuspidifolia Mart. (Bignoniaceae) (Tese de Doutorado) Faculdade de Ciências da Saúde. Brasília: UNB, 2009.
COSTA, R. S. et al. Caracterização morfológica de folhas e flores de espécies de Jacaranda (Bignoniaceae), cultivadas em Jaboticabal - SP. In: Revista de Biologia e Ciências da Terra. Vol. 11, nº 1. UEPB. Guarabira - PB: EDUEP, 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, vol. 1, 5ª edição. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2008.
SCALON, S. P. Q. et al. Armazenamento e tratamentos pré-germinativos em sementes de jacarandá (Jacaranda cuspidifolia Mart.). In. R. Árvore, v.30, n.2, p.179-185. Viçosa-MG: SIF, 2006.