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INGA EDULIS MART. 

Nomes populares: ingá, ingá-cipó, rabo-de-mico.


Presente extensivamente da Colômbia ao leste dos Andes, da Amazônia até ao longo de toda a costa sul-americana na floresta pluvial atlântica, pode atingir de 5 a 30 m altura. Liso e cinza-claro, podendo medir de 30 a 60 cm de diâmetro, o tronco do ingá-cipó apresenta várias lenticelas alongadas em sua casca e eleva sua copa baixa (normalmente mais baixa do que 3 m) e ampla dotada de ramos que são angulosos e tomentosos quando jovens.

As folhas compostas paripinadas possuem de 4 a 6 jugas, raque alada e tomentosa que pode medir de 10 a 16 cm de comprimento e pecíolo subcilíndrico e puberulento de 2 a 5 cm de comprimento.  A filotaxia é espiralada, alterna a suboposta. Os folíolos opostos,subsésseis, discolores, cartáceos, elípticos, obovais ou ovais - maiores quando distais e menores quando proximais - podem medir de 4 a 19 cm de comprimento por 2 a 9 cm de largura, possuem margens repandas, ápice acuminado a atenuado e base subcordada ou arredondada. Discolores e glabrescentes, os folíolos possuem venação camptódroma amarelada e saliente na face abaxial. Uma característica marcante desta espécie são os nectários foliares reniformes que encontram-se entre os folíolos opostos.

Em densas inflorescências espiciformes com pedúnculos tomentosos, em grupos de 11 a 20, encontram-se as flores hermafroditas, actinomorfas, gamopétalas e gamossépalas, cuja coloração branca é definida pelos longos estames brancos exsertos em numero de 30 a 40, medindo de 2,8 a 4,5 cm de comprimento e encimados por anteras amarelas. A corola pêntamera, verde, tubular ou infundibuliforme mede 0,9 a 1,9 cm de comprimento e possui cinco lacínias triangulares de aproximadamente 3 mm de comprimento. O cálice, também tubular e verde, mede 0,4 a 1 cm e possui cinco lobos triangulares de até 2 mm e ápice agudo a atenuado. O pistilo é branco e pouco menor que os estames.

O fruto é um legume alongado, séssil, cilíndrico, coriáceo, esparsamente tomentoso, de ápice agudo a rostrado e base arredondada, reto ou em ampla espiral, tomentoso e estriado longitudinalmente, que pode medir de 15 a 100 cm de comprimento por até 4 cm de largura.

Em seu interior encontram-se várias sementes lisas, carnosas, nigrescentes, elipsóides, que medem de 1 a 5 cm de comprimento por 1 a 2 cm de largura e estão envoltas em um arilo (ou sarcotesta) branco, cotonoso e adocicado.

O ingá-cipó, além de ser avidamente consumido pelo seu arilo doce, também pode ser utilizado como sombreamento de culturas como cacau, café, cupuaçu e outros. Sua biomassa, especialmente a longa baga, pode ser empregada como forragem e ou como adubo verde (podas drásticas podem causar a morte da planta)1 Ademais, um extrato das folhas do ingá demonstrou ação vasodilatadora e anti-hipertensiva.2 Na medicina caseira, um xarope contra bronquites é preparado a partir da polpa da fruta e a decocção da casca é utilizada para curar feridas e diarréia.3 Suas flores atraem abelhas melíferas e é, por ser uma boa fixadora de nitrogênio, recomendada na recuperação de áreas degradadas.

 

Fenologia: dependendo da região, o ingá pode florir vistosamente de março a janeiro. Na época chuvosa ocorre a produção de frutos. A maturação mais intensa ocorre a partir do mês de maio.


Produção de mudas: ao início da queda espontânea, os frutos devem ser colhidos e abertos manualmente para a retirada de sementes. Após a retirada do arilo, as sementes devem, imediatamente, ser postas para germinar à semissombra em solo organo-argiloso. A taxa de germinação é alta e, em 4 a 5 meses, as mudas podem ser plantadas no local definitivo.

1 SOUZA, S. G. A. et al. Potencialidades do ingazeiro (Inga edulis Mart.) e da gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.) Kunth ex Walp.) como adubos verdes em agroecossistemas. In: Reunião Amazônia de Agroecologia: A agroecologia no contexto amazônico. Manaurs, Emprapa Amazônia Ocidental, 2007.

 

2 MARIANO, M. C. F. Atividade vascular e anti-hipertensiva de uma fração polifenólica de Inga edulis Mart. (Dissertação de Mestrado) Belo Horizonte: Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, 2012.

 

3 FALCÃO, M. A. & CLEMENT, C. R. Fenologia e produtividade do ingá-cipó (Inga edulis) na Amazônia Central. In: Acta Amazònica. Manaus - AM: INPA, 2000.

 

LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, vol. 2, 5ª edição. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2008.

 

ORWA, C. et al. Agroforestry Database: a tree reference and selection guide version 4.0. Kenya, 2009. (http://www.worldagroforestry.org/af/treedb/)

 

POSSETTE, R. F. S. & RODRIGUES, W. A. O gênero Inga Mill. (Leguminosae – Mimosoideae) no estado do Paraná, Brasil. Acta bot. bras. 24(2): 354-368. 2010.

 

SOUZA, J. S.; BASTOS, M. N. C.; GURGEL, E. S. C. O gênero Inga (Leguminosae- Mimosoideae) na Província Petrolífera de Urucu, Coari, Amazonas, Brasil. Rodriguésia - Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, nº 62, vol. 2, pp. 283-297. Rio de Janeiro: JBRJ, 2011 ISSN - 2175-7860.

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