HEVEA BRASILIENSIS (WILLD EX A. JUSS.) MÜLK. ARG
Nomes populares: seringueira, cau-chu.
A seringueira espalha-se nas matas úmidas, várzeas inundáveis e florestas de terra firme da Amazònia (mais de 50% na Amazônia brasileira), podendo atingir altura de 20 a 30 m. Está presente, também, nos apêndices que profundamente penetram os cerrados do Brasil central. O tronco de hábito ereto, que pode estar sem ramificação por mais de 10 m acima do solo, é coberto por casca parda e escamosa e pode medir de 30 a 60 cm de diâmetro.
As folhas são compostas, trifolioladas, alternas ou subopostas e espiraladas, com pecíolos que medem de 10 a 17 cm de comprimento. Os folíolos glabros, membranáceos, peninérvios, elípticos, oblongo-elípticos a obovais, medem de 11 a 16,5 cm de comprimento por 5 a 7 cm de largura e possuem as margens inteiras. Seus peciólulos variam de 0,8 a 1,5 cm de comprimento. A base é atenuada a cuneada e o ápice é atenuado a acuminado. A venação é amarelada e saliente na face abaxial.
As pequenas flores amarelas ou verde-claras desta planta monóica são unissexuadas e agrupam-se em panículas piramidais que nascem tanto na base terminal quando na axila dos pecíolos superiores. As flores femininas, localizadas na extremidade do eixo principal ou na ponta dos ramos maiores, são normalmente maiores que as masculinas, as quais estão presentes em maior número. Todas são monoclamídias, possuindo somente o cálice pentâmero, piloso por fora e por dentro, dotado de sépalas dobradas para dentro ao longo da nervura central.
O fruto é uma cápsula trigona de deiscência explosiva - capaz de atirar valvas e sementes a longas distâncias - que contém, em seu interior, uma semente subglobosa alojada em cada uma de suas valvas e normalmente mede de 4 a 8 cm de diâmetro. As sementes possuem testa cinza ou marrom-pálida com manchas marrom-escuras salpicadas (o padrão de manchas na testa é derivado da árvore-mãe feminina, sendo portanto verificável sua procedência parental) e medem de 2 a 3,5 cm de comprimento por 1,5 a cm de largura.
A borracha obtida através do látex é utilizada para produzir uma infinidade de produtos: luvas cirúrgicas, pneus, preservativos, acessórios de veículos e motores, tecidos impermeáveis, máscaras flexíveis, couro vegetal (um tecido de algodão banhado em látex, defumado e vulcanizado, utilizado no fabrico de bolsas, capas para armas, mochilas e calças) etc.1 A biomembrana do látex demonstrou, em laboratório, atividade cicatrizante2. A borracha natural produzida a partir do látex substitui a borracha artificial derivada do petróleo. A partir do ano 2000, nota-se um déficit na produção de borracha mundial. Sistemas agroflorestais, em regime de mão-de-obra familiar, estão sendo extensivamente implantados no Paraná, frente a essa demanda.3 Quanto às sementes, antigamente usadas como dinheiro pelos astecas, estas podem ser utilizadas na indústria do biodiesel4, como fornecedoras de óleo secativo utilizado na indústria de tintas e vernizes e como forragem para gado (também na produção de torta para alimentação animal), além de serem apreciadas por animais silvestres como o porco-do-mato.
Fenologia: O florescimento ocorre de julho a maio, dependendo da região, e a frutificação de novembro a fevereiro, a partir do qual começa a maturação dos frutos, que se estende até maio.
Produção de mudas: As sementes devem ser colhidas do chão, assim que iniciada a deiscência dos frutos, quando eles estão enegrecidos. Devem ser imediatamente postas para germinar, com a carúncula virada para baixo, em substrato organo-arenoso e irrigadas abundantemente. A germinação ocorre em 10 a 40 dias e a taxa de germinação é alta. Em 4 a 6 meses, as mudas podem ser transplantadas para local definitivo.
1 SOUZA, A. D. et al. Seringueira (Hevea brasiliensis Muell. Arg.) In: SHANLEY, P.; MEDINA, G. Frutíferas e plantas úteis na Vida Amazônica. Belém - PA: Cifor/Imazon, 2005.
2 ANDRADE, T. A. M. Atividade da biomembrana de látex natural da seringueira Hevea brasiliensis na neoformação tecidual em camundongos. (Dissertação de Mestrado). Ribeirão Preto - SP: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2007.
3 IAPAR. O Cultivo da Seringueira (Hevea spp.). Londrina - PR: Secretaria do Estadode Agricultura e Abastecimento.
4 IKWUAGWU, O. E.; ONONOGBU, I. C.; NJOKU, O. U. Production of biodiesel using rubber [Hevea brasiliensis (Kunth. Muell.)] seed oil. Industrial Crops and Products 12 (2000) 57–62
LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, vol. 1, 5ª edição. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2008.
ORWA, C. et al. Agroforestry Database: a tree reference and selection guide version 4.0. Kenya, 2009. (http://www.worldagroforestry.org/af/treedb/)
PAIVA, J. R. Taxonomia do gênero Hevea. Manaus - AM: Embrapa, 1977.