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CALOTROPIS PROCERA (AITON) W. T. 

Nomes populares: flor-de-seda, ciumeira.

 

Originária da África tropical e subtropical, Índia, Pérsia, e do sul da Ásia até a Malásia, a flor-de-seda foi introduzida no Brasil na transição para o século XX e já possui grandes populações estabelecidas ao longo da caatinga nordestina. Apesar de estar presente em várias partes do país, nas áreas perturbadas pela construção da transposição do rio São Francisco, ela já ocupa centenas de quilômetros. Esta planta de porte arbustivo-arbóreo mede de 2 a 6 m de altura e seu tronco, com diâmetro médio de 25 cm, é revestido por casca suberosa, amarela, com profundas fissuras longitudinais.

A copa possui esparsos ramos em cujos ápices concentram-se as folhas simples, oposto-cruzadas, subssésseis, glaucas a denso-tomentosas, subcoriáceas, algo espessas e suculentas, obovadas a oblongo-elípticas, medindo de 5 a 30 cm de comprimento e 2,5 a 20 cm de largura; apresenta margens inteiras e nervação broquidódroma, ápice acuneado a apiculado e base subcordada.

As cimeiras umbeladas axilares e terminais, com pedúnculo de 2 a 7 cm de comprimento portam, em pedicelos de 1 a 3 cm de comprimento, de 3 a 20 flores (cerca de 1,7 cm de diâmetro) pentâmeras, hermafroditas. A corola subcampanulada possui cinco lobos (1 a 3 cm de comprimento por cerca de 1 cm de largura) suculentos deflexos brancos ovados com ápices agudos roxos na face adaxial.  O cálice gamossépalo possui lobos brancos, ovados e glabrescentes, medindo de 0,4 a 0,8 cm de comprimento por 0,3 a 0,4 cm de largura e com o ápice agudo. Os estames e o estigma modificados fundem-se formando uma estrutura complexa, exclusiva das apocináceas asclepiadoideas, o ginostégio.

O fruto (7,5 a 15 cm de comprimento por 6 a 10 cm de largura) deiscente, quando maduro, é um folículo inflado subgloboso a ovóide - por vezes reniforme - de exocarpo membranoso marrom-claro, mesocarpo esponjoso branco-amarelado e endocarpo membranoso amarelo-dourado. No seu interior, residem numerosas (de 300 a 500 por fruto) sementes achatadas e obovadas (0,6 cm de comprimento por 0,5 cm de largura) com um papus branco sedoso de 3 cm ou mais preso a uma das extremidades.

Desde a época do Egito Antigo, a ciumeira é utilizada na medicina tradicional de vários povos oriundos de sua área de origem, para diversos propósitos. Seu abundante látex é usado como anti-inflamatório, anti-reumático, laxante, anti-sifilítico e anti-fúngico; é empregado na cura de feridas, no tratamento de malária, asma bronquítica, lepra, queda de cabelo, picadas de escorpião, dor de dente, febres intermitentes e em infecções de pele. De fato, testes laboratoriais demonstraram a eficácia do látex como anti-inflamatório, cicatrizante e analgésico.1 Tradicionalmente, as folhas são postas quentes sobre o abdôme para curar dores abdominais.  O extrato etanólico das folhas exibiu ação anti-pirética, analgésica e antibacteriana. O extrato cru das flores exerceu grande atividade antibiótica2. Popularmente, uma infusão da casca do tronco pulverizada é utilizada no tratamento de lepra e elefantíase e as raízes extremamente venenosas são aplicadas em picadas de cobras. O papilho aderido à semente é usado como enchimento de travesseiros e colchões e dele são feitos tecidos. Devido a suas propriedades alelopáticas, comprovadas experimentalmente3, a biomassa foliar pode ser indicada como controle biológico de ervas daninhas. É preciso ter em mente, no entanto, o enorme potencial invasivo desta apocinácea exótica antes de implantá-la. Várias de suas partes mostraram-se boas candidatas na produção de biocombustíveis e bioenergia. É planta forrageira de lepidópteras nectarívoras.

 

Fenologia: C. procera floresce e frutifica o ano todo.


Produção de mudas: a planta cresce bem em qualquer tipo de solo, especialmente os bem drenados e a pleno sol. A viabilidade das sementes atinge em média 86%.

1 BARROS, R. E. V. et al. Avaliação das atividades analgésica e antinflamatória do extrato metanólico de Calotropis procera, R. BR. (Ciúme)  In: Infarma. v.16, nº 9-10, 2004.

 

2 MUZAMMAL, M. Study on antibacterial activity of Calotropis procera. PeerJ PrePrints 2:e430v1, 2014. https://doi.org/10.7287/peerj.preprints.430v1

 

3 FABRICANTE, J. R.; OLIVEIRA, M. N. A. & SIQUEIRA FILHO, J. A. Aspectos da ecologia de Calotropis procera (Apocynaceae) em uma área de Caatinga alterada pelas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco em Mauriti, CE. In: Rodriguésia 64(3): 647-654. 2013.

 

BROWN, S. H. Calotropis procera. Fort Meyers - FL: University of Florida.

 

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OLOUMI, H. Phytochemistry and Ethno-Pharmaceutics of Calotropis procera. In: Ethno-Pharmaceutical products Sep. 2014; 1(2):1-8.

 

ORWA, C. et al. Agroforestry Database: a tree reference and selection guide version 4.0. Kenya, 2009. (http://www.worldagroforestry.org/af/treedb/)


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