BIXA ORELLANA L.
Nomes populares: urucum, urucueiro.
O urucum é muito encontrado em solos férteis e beiras de rios ao longo de toda a América tropical e pode medir de 2 a 10 m de alturas. De porte arbustivo-arbóreo, seu tronco, medindo de 15 a 25 cm de diâmetro, possui casca com ritidoma reticulado marrom.
As folhas simples, alternas-espiraladas, largamente ovais a subcordadas, membranáceas e glabras, medem de 8 a 14,5 cm de comprimento por 5 a 11 cm de largura, possuem margem levemente sinuada e pedicelo pardo de 4 a 7 cm de comprimento. A venação é actinódroma; o ápice, agudo, atenuado ou levemente acuminado; a base, subcordada a truncada. Cada panícula terminal pode conter de 8 a 50 flores pentâmeras (4 a 6 cm de diâmetro), actinomórficas, que possuem pétalas carnosas, obovadas, rosas, lilás ou esbranquiçadas (2 a 3 cm de comprimento por 1 a 2 cm de largura). O androceu é composto por numerosos estames que medem cerca de 1,6 cm de comprimento, com filetes rosados, brancos ou amarelados e anteras rosas ou roxas. O cálice é formado por 4 a 5 sépalas pardas, obovadas e livres que medem de 1 a 1,2 cm de comprimento.
O fruto (2 a 4 cm de comprimento por 2 a 3,5 cm de largura) é uma cápsula equinocárpica sublenhosa e deiscente, subglobosa, oval a largamente-elíptica, cuja cor superficial pode variar de vermelho intenso (quando imaturo) a marrom a avermelhado. Os finos espinhos que guarnecem as duas valvas medem cerca de 4,5 mm de comprimento. Em seu interior residem de 10 a 40 numerosas sementes envoltas em um arilo vermelho, obovóides, largamente ovais a angulares, que medem de 0,3 a 0,6 cm de comprimento. Na extremidade mais larga da semente, encontra-se a coroa: uma pequena depressão mais clara com um ponto escuro no meio. A superfície é lisa e atravessada longitudinalmente por um sulco.
As flores de B. orellana são apícolas. Popularmente, as folhas são postas à cabeça quando com dor de cabeça. Um gargarejo a partir delas é usado em casos de infecção de boca e garganta. São usadas nos banhos como vermífugo ou para aliviar cólicas. As folhas também passam por uma decocção usada na cura de doenças de pele ou queimaduras. De fato, o extrato metanólico das folhas demonstrou atividade antimicrobiana contra bactérias e fungos.1 O óleo que deriva da semente é empregado na cura à lepra. Uma decoção da raiz é ingerida em casos de asma e sua casca é anti-parasítica e anti-pirética. O pigmento que envolve a semente é muito utilizado como condimento (colorau) e como pintura corporal em centenas de culturas tradicionais, além de ser empregado como matéria-prima para corantes de laticínios, grãos, sopas, bebidas, cosméticos, remédios, embutidos, panificação e indústria têxtil. O arilo vermelho também é usado popularmente no preparo de uma bebida que trata desinteria e infecção renal. O pigmento presente no arilo também demonstrou, in vitro, atividade antigonorréica.2 Uma decocção da semente, que também exibiu ação antimicrobiana, é macerada e ingerida para aliviar a febre.
Fenologia: floresce, principamente, de setembro a dezembro. A polinização é grandemente efetuada por abelhas. Os frutos podem aparecer 30 dias após o florescimento e amadurecem de setembro a março.
Produção de mudas: ao início da deiscência, os frutos devem ser colhidos e as sementes devem ser extraídas manualmente. Uma secagem de 3 a 10 dias ao sol e a quebra da dormência com escarificação mecânica através do corte na porção distal do tegumento da semente são indicados. Em canteiros semissombreados, as sementes devem ser postas para germinar em substrato organo-argiloso e permeável. A germinação ocorre em 10 a 20 dias. Quando a planta alcançar de 20 a 25 cm de altura, já pode ser transplantada para local definitivo.
1 TAMIL, S. A. et al. Leaf and Seed extracts of Bixa orellana L. exert anti-microbial activity against bacterial pathogens. Journal of Applied Pharmaceutical Science 01 (09); 2011: 116-120.
COSTA, C. K. Estudo fitoquímico de Bixa orellana L., Bixaceae e aplicação de seu óleo em formulação cosmética (Dissertação de mestrado). Curitiba - PR: UFPR, 2007.
CUSTÓDIO, C. C. et al. Germinação de sementes de urucum (Bixa orellana L.). Revista Brasileira de Sementes, vol. 24, nº 1, p.197-202, 2002.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, vol. 1, 5ª edição. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2008.
OLIVEIRA, M. R. C. et al. Caracterização de descritores morfológicos em urucu (Bixa orellana L.). Belém - PA: Embrapa Amazônia Oriental, 1998.
ORWA, C. et al. Agroforestry Database: a tree reference and selection guide version 4.0. Kenya, 2009. (http://www.worldagroforestry.org/af/treedb/)
2 SILVA, C. A. N.; BRAGA, S. F. P.; SILVA, A. G. Urucum, Bixa orellana L. (Bixaceae) - um agente importante na regulação de dislipidemias? Natureza on line 4(2): 72-76 [online] http://www.naturezaonline.com.br [Acessado em 01/10/15]
1 TAMIL, S. A. et al. Leaf and Seed extracts of Bixa orellana L. exert anti-microbial activity against bacterial pathogens. Journal of Applied Pharmaceutical Science 01 (09); 2011: 116-120.