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ARTOCARPUS HETEROPHYLLUS LAM.

Nome popular: jaqueira.

 

Natural da Indo-Malásia, esta árvore foi disseminada no Brasil ainda em tempos coloniais. Geralmente varia de 8 a 25 m de altura. Seu tronco - relativamente reto, marrom-acinzentado, áspero, algo escamoso -  pode chegar a 1 m de diâmetro ou mais em indivíduos mais velhos e ramifica-se perto da base. Em cinco anos a copa pode atingir um diâmetro de 3,5 a 6,7 m. Galhos novos podem possuir tricomas, tornando-se glabros na maturidade. Todas as suas partes exsudam látex copiosamente.

A grande variância genética ocasionada pela polinização cruzada expressa-se principalmente na diversidade morfológica das folhas - daí o epíteto específico heterophyllus. As folhas - coriáceas, brilhantes, normalmente glabras - podem ser lisas, enrugadas ou com margens curvadas para cima. Quando jovens, podem apresentar 2 ou 3 lobos, tornado-se inteiras quando maduras. As folhas dos galhos férteis podem ser obovadas a oblongas. As dos galhos mais novos são oblongas e mais estreitas. O tamanho pode variar de 4 a 25 cm de comprimento por 2 a 12 cm de largura. Elas espalham-se alternadamente nos galhos horizontais e tendem a distribuir-se espiraladamente nos galhos ascendentes. Os ápices foliares são obtusos com uma ponta curta e as bases, cuneadas a agudas. Penivérvias, suas veias central e periféricas variam de verde-claro a amarelo-pálido. O pecíolo mede, em média, 3,5 cm de comprimento e é verde escuro

As inflorescências monóicas são espigas racemosas de um verde claro ou mais escuro que brotam de galhos mais velhos ou do tronco. As espigas masculinas podem encontrar-se em brotos terminais ou em pedicelos. As femininas encontram-se somente em brotos terminais. As espigas masculinas são densas, carnosas, com formato variando de cilíndrico, claviforme a oblongo e são encontradas em galhos mais novos do que os em que se encontram as espigas femininas. Medem de 3 a 10 cm de comprimento por 1 a 5 cm de largura e são levemente pubescentes. Seus pedicelos aparecem tanto em galhos quanto no tronco e surgem como estrutura similares a botões (envoltas em estípulas), verde-claras, que mais tarde se desenvolvem em estruturas semelhantes a galhos finos folhosos, mais grossos do que os brotos terminais (0.70 cm de diâmetro). Com o crescimento, as estípulas se abrem revelando uma folha e a espiga, densamente coberta por flores masculinas, cada uma sobre um pedúnculo com um anel verde e carnoso no ápice. Não possuem bráctes interflorais. A flor masculina estéril tem um perianto sólido e a fértil tem um perianto tubular bi-lobado envolvendo um único estame (1 a 2 mm) que protrai do tubo periantal com quatro anteras amarelas. Mais ou menos uma semana depois de brotarem, as espigas masculinas tornam-se negras devido à ação de fungos e caem.

As espigas femininas encontram-se numa posição mais distal do que as masculinas e são maiores (4 a 15 cm de comprimento), mais cilíndricas e oblongas do que estas, além de possuírem brácteas interflorais e pedicelos mais grossos. Possuem um ânulo de 3 a 5 mm na base e superfície segmentada. Os estigmas protraem-se das flores quatro ou cinco dias depois da abertura das espatas e depois de mais quatro a seis dias tornam-se lanosas, e sua receptividade permanece por 28 a 36 horas.

infrutescência, medindo de 30 a 100 cm de comprimento por 25 a 50 cm de largura, é um sincarpo (ou cenocarpo) composto por vários aquênios, cada um com uma semente. Possui formato oval, oblongo ou elipsóide, verde pálido ou escuro quando imaturo, tornando-se amarelado ou marrom quando maduro. Exteriormente, é coberto por uma camada borrachuda com vários espinhos pontudos ou cegos. No interior encontram-se os frutículos, medindo de 4 a 11 cm x 2 a 4 cm, compostos por um arilo ceroso, firme ou macio, amarelo a alaranjado, aromático, e uma semente firme ou cerosa, oval-oblonga a olonga-elipsóide, mais espessa à altura do hilo, medindo de 2 a 5 cm de comprimento por 1 a 3 cm de largura, encerrada em uma membrana (testa) esbranquiçada. O eixo central da infrutescência é rígido, levemente carnoso e rico em laticíferos, o que o torna impróprio para o consumo.

Além da polpa (arilo) comestível usada na indústria em uma miríade de produtos (inclusive na fermentação de bebidas alcoólicas), a semente - rica em vitamina A, cálcio e fósforo - pode ser cozida, assada ou triturada para fazer uma farinha que é mistura à de trigo (até 5%), reduzindo o teor de glúten dos pratos culinários. Folhas e frutos são usadas como forragem para gado e são apreciadas por elefantes. O látex é usado como adesivo em porcelanas e cerâmicas quebradas. As copas são usadas como sombreamento na cafeicultura. Na medicina tradicional, as cinzas das folhas são usadas para úlceras, diarréia, furúnculos, etc. As sementes são consideradas afrodisíacas. O látex seco rende um composto com ação androgênica. Um extrato da raiz é tomado em casos de febre e diarréia. O cerne da madeira é considerado abortivo. Atividade antimicrobiana já foi diagnosticada em extratos do fruto.1

 

Fenologia: As inflorescências são formadas de junho a agosto e os frutos comumente amadurecem entre dezembro e março. A polinização se dá por ventos e por insetos, ou, artificialmente, esfregando a inflorescência masculina na feminina.


Produção de mudas: Coletar as sementes de frutos de boa qualidade. O revestimento viscoso deve ser removido e as sementes devem ser bem lavadas para retirar traços de polpa. Secar as sementes por somente uma hora na sombra e, para quebrar a dormência, deixá-las de molho na água a temperatura ambiente. Semeá-las preferencialmente no local definitivo de plantio sob 2 cm de substrato organo-argiloso e aguar diariamente. A germinação ocorre em até 6 semanas.

1 RAGASA, C. Y.; JORVINA, K. RIDEOUT, J. A. Antimicrobial compounds from Artocarpus heterophyllus. Philippine Journal of Science133 (2): 97-101, ISSN 0031 - 7683, December 2004.

ELEVITCH, C. R. & MANNER, H.I. Artocarpus heterophyllus (jackfruit) Moraceae (mulberry family). Species Profiles for Pacific Island Agroforestry. ver. 1.1, abril de 2006.

HAQ, N. Jackfruit (Artocarpus heterophyllus). In: Crops for the Future. J. T. Williams, R. W. Smith, Z. Dunsiger (editores). Southampton Centre for Underutilised Crops, University of Southampton, 2006.

LORENZI, H. et al. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura). pp. 435, Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora LTDA, 2000.

ORWA, C. et al. Agroforestree Database:a tree reference and selection guide version 4.0. Kenya, 2009. (http://www.worldagroforestry.org/af/treedb/)

TULYATHAN, V. Some Physicochemical Properties of Jackfruit (Artocarpus heterophyllus Lam) Seed Flour and Starch. ScienceAsia 28, pp. 37-41, 2002.

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