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ANACARDIUM OCCIDENTALE L.

Nome popular: cajueiro


Embora o cajueiro, árvore frutífera nativa cultivada em quase todos os estados do Brasil, atinja normalmente de 4 a 12 m de altura, em solos férteis e argilosos sua altura pode chegar a 20 m. No nordeste e regiões costeiras, seu porte é bem menor. O tronco tortuoso, marrom e algo liso, pode atingir de 25 a 40 cm de diâmetro. A copa simétrica espalha-se bastante de modo que seus galhos podem tocar o chão e enraizar-se. Além disso, suas raízes estendem-se muito além da copa e são gemíferas (i. e. são capazes de regenerar um novo eixo caulinar).

As folhas glabras, coriáceas, cartáceas e obovadas a suborbiculares espiralam-se nos ramos e são alternas ou subopostas. Distintamente rosadas quando jovens, podem medir de 7 a 18 cm de comprimento por 4,5 a 9,5 cm de largura. Discolores, possuem margens inteiras e venação cladódroma, amarelada e saliente na face abaxial. O ápice é arredondado e a base, aguda a cuneada. O pecíolo mede de 1 a 2 cm.

As flores (até 0,5 cm de diâmetro), cujas pétalas são amarelo-pálidas ou de cor verde clara, possuem tons vináceos ou róseo-avermelhados e estão dispostas em panículas terminais. Cada panícula possui flores hermafroditas e masculinas (as últimas em maior número) e mede de 10 a 20 cm de comprimento. As cinco pétalas afiladas e agudas curvadas abaxialmente típicas de plantas acutifloras medem de 1,0 a 1,3 cm de comprimento por até 2 mm de largura. Nas flores curto-pediceladas, nota-se a presença de um estame exserto medindo aproximadamente 1 cm de comprimento e nove pequenos estames inclusos na corola. O cálice verde mede de 5 a 8 mm de comprimento e possui cinco lacínias agudas.

O fruto é uma noz reniforme cinza-esverdeada que mede até 3 cm de comprimento cuja casca venenosa é formada por um exocarpo espesso, um mesocarpo resinoso e um endocarpo duro dentro do qual reside a castanha também reniforme, medindo aproximadamente 2,5 cm de comprimento. O pseudofruto (ou hipocarpo) é típico de um bálano: desenvolve-se a partir do pedicelo superdesenvolvido e mede de 4 a 11 cm de comprimento, mais largo no ápice. A casca vermelha ou laranjada envolve uma massa carnosa, suculenta, amarela e adstringente.

Além de ser muito apreciado pelas castanhas e pseudofrutos comestíveis, o cajueiro possui propriedades que vão além das alimentícias. Popularmente, a casca e as folhas são utilizadas no combate à diabetes, úlceras na pele, inflamações uterinas, bucais e da garganta. O extrato acetônico das folhas possui atividade antioxidante e o extrato etanólico do tegumento da semente demonstrou ação antimicrobiana.1 O bagaço do pseudofruto também demonstrou atividade antioxidante.2 A. occidentale também é muito utilizada no paisagismo e recuperação de áreas degradadas, especialmente as de solo seco.  A seiva contém uma resina utilizada como tinta indelével. O refugo das castanhas utilizadas na extração do óleo é usada na alimentação de animais.

 

Fenologia: a floração ocorre de junho a novembro e a frutificação, de setembro a janeiro. Assim que os frutos amadurecem, inicia-se o superdesenvolvimento do pedicelo e maturação do pseudofruto.


Produção de mudas: As castanhas com a casca devem ser deixadas dentro d’água durante 48 horas, trocando-se a água a cada oito horas. Posteriormente, devem ser semeadas em substrato organo-arenoso e aguadas diariamente. A germinação ocorre em 10 a 20 dias e pode alcançar taxas de até 80%. As mudas devem ser mantidas a pleno sol até alcançarem 30 cm, quando então devem ser plantadas em local definitivo.

1 DOSS, V. A. & THANGAVEL, K. P. Antioxidant and antimicrobial activity using different extracts of Anacardium occidentale L. International Journal of Applied Biology and Pharmaceutical Technology. Volume: 2: Issue-3: July-Sept -2011. ISSN 0976-4550

 

2 BROINIZI, P. R. B. et al. Propriedades antioxidantes em subproduto do pedúnculo de caju (Anacardium occidentale L.): efeito sobre a lipoperoxidação e o perfil de ácidos graxos poliinsaturados em ratos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas (Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences) vol. 44, n. 4, out./dez., 2008.

 

LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, vol. 1, 5ª edição. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2008.

 

LORENZI, H; GONÇALVES, E.G. Morfologia Vegetal: Organografia e Dicionário Ilustrado de Morfologia de Plantas Vasculares. 2ª edição. Nova Odessa - SP: Instituto Plantarum, 2011.

 

McLAUGHLIN, J., BALERDI, C., CRANE, J. The Cashew Apple (Anacardium occidentale) in Florida. University of Florida.

 

ORWA, C. et al. Agroforestry Database: a tree reference and selection guide version 4.0. Kenya, 2009. (http://www.worldagroforestry.org/af/treedb/)

SILVA JUNIOR, M.C. 100 árvores do cerrado: Guia de campo. Brasília - DF: Rede de Sementes do Cerrado, 2005.

 

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