ALBIZIA LEBBECK L. (BENTH)
Nome popular: albizia, língua-de-mulher
Áreas consideradas de distribuição nativa desta espécie estão nos seguintes continentes: África do Sul, o Sudeste da Ásia (incluindo toda a Índia) e a Oceania, estendendo-se desde o norte da Austrália, na península de Cape York até as planícies do Himalaia. A albizia, dotada de extrema adaptabilidade, consegue sobreviver a secas prolongadas e invernos rigorosos, em dunas desérticas e em solos encharcados, tolerando acidez e alcalinidade; porém cresce melhor em solos bem drenados, em áreas com alto índice pluviométrico e temperaturas moderadamente quentes. Hoje sua dispersão é considerada pantropical. Pode atingir até 30 m de altura e seu tronco - com casca cinza-violácea e lenticelas marrom-ferrugem, finamente fissurado e áspero - pode chegar a ter 1 m de diâmetro.
As folhas quase sésseis, compostas bipinadas, alternas e espiraladas, glabras ou levemente pubescentes na raque, possuem 2 a 4 pares de pinas, cada uma com 2 a 11 pares de folíolos coriáceos ou subcoriáceos obliquamente oblongos, cada um medindo 15 a 45 mm de comprimento e 8 a 22 mm de largura, de base obtusa a arredondada e ápice arredondado, nervação reticulódroma, com nervura central dividindo o limbo assimetricamente, face abaxial discolor e margens inteiras. Os pecíolos podem variar de 2 a 15 cm de comprimento e perto de suas bases, em sua parte adaxial, ergue-se uma glândula glabra, elíptica a circular.
As flores bissexuais, em números de até mais de 50, estão dispostas em umbelas capitulosas - medindo 18 a 36 mm de diâmetro (sem os estames) e 5 a 9 mm de diâmetro (com os estames). Brancas ou cor de creme, elas possuem 10 ou mais estames filamentosos verde-amarelados na parte superior e brancos na parte inferior, medindo 1,5-2 cm de comprimento, que elevam-se livremente da corola pentâmera. Estes estames fundem-se na base num tubo estaminal. As flores possuem um pedicelo com até 0,5 mm de comprimento e as inflorescências axilares possuem pedúnculos de 5 a 7,5 cm.
O fruto é uma fava achatada deiscente cor-de-palha ou marrom quando madura, estreito-oblonga, medindo de 15 a 25 cm de comprimento por 3 a 5 cm de largura, quebradiça, sem constrição entre as sementes.
As sementes são lenticiformes, marrons, circulares ou elípticas (8-10 x 6-7 mm) transversalmente dispostas no legume em números de seis a 12. Estas árvores são geralmente muito produtivas e quando seus frutos estão maduros e secos, produzem um barulho de chocalho quando venta, sendo, por esse rumor, denominadas “língua-de-mulher” em alguns países.
É usada como sombreamento em planções de cacau, chá e café e como forragem (sem efeitos colaterais) para gado, camelos etc., pois fixa grande quantidades de nitrogênio e proteje as gramíneas e herbáceas do ressecamento durante a seca. Na medicina tradicional, várias partes da A. lebbeck possuem diversos usos terapêuticos, alguns comprovados cientificamente: folhas (para problemas oculares; como antimicrobiana1), a casca do tronco (para doenças de pele, gengiva, dores de dente, furúnculos, bronquite, tosse, asma, conjuntivite alérgica; como antihelmíntico, espermicida e antialérgico2), fruto (espermicida, antiprotozoário, hipoglicêmico, antidiabético e anticancerígeno)3, flor (como afrodisíaco, emoliente; para tosse bronquite e asma) e sementes (como afrodisíaca, adstringentes, antioxidante; para gonorréia).
Fenologia: no Brasil, observou-se a floração da A. lebbeck nos meses abril e novembro e sua frutificação durante os outros meses, podendo os frutos pender das árvores durante longos períodos. A polinização se dá via entomofilia.
Produção de mudas: se colhidos imaturos, os frutos devem ficar expostos à luz solar até amadurecerem. As sementes são facilmente extraídas e a semeadura pode ser feita sem pré-tratamento; no entanto, escarificar as sementes mecanicamente ou deixá-las de molho em água fervente por um minuto e posteriormente na água fria por 24 horas aumenta o seu poder de germinação. Semeá-las em substrato organo-arenoso, cobrindo-as com 2 cm deste e regar diariamente. A albízia germina tanto na presença quanto na ausência de luz. No primeiro ano o crescimento é lento, acelerando-se nos subsequentes.
1 BOBBY, M.N. & WESELY, N. G. In vitro anti- bacterial activity of leaves extracts of Albizia lebbeck Benth against some selected pathogens. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, S859-S862, 2012.
2 ZIA-UL-HAC, M. Compositional studies and antioxidant potential of Albizia lebbeck (L.) Benth. pods and seeds. In: TurkIsh Journal of Biology, 37: 25-32, 2013.
3 FAISAL, M. & IRCHHAIYA, S. P. P. Review on Albizia lebbeck: a pontent herbal drug. in: International Research Journal of Pharmacy 3 (5), 2012.
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